Mariposa
Gentil e suave mariposa,
Cegaste meus olhos
com o pó de tuas asas?
Porque tornaste meus dias
Cada vez mais embaçados?
Por onde voaste, leve peregrina?
Que mágoas e prazeres carregas,
E que ardores habitam teus pensamentos?
É essa mágoa que hoje me cega?
Ou é um prazer fazer meu olhar
Tornar-se esse confuso jogo de sombras?
Quando eu era criança
Tantas vezes temi encontrar-te
Tantas vezes fugi de ti.
Mas ainda assim admirava-te à distância
Hipnotizavam-me os olhos que carregas
Em cada uma de tuas asas.
E hoje, tamanha ironia
Eu por vontade própria, por total querer
Me abandono ao teu vôo incerto,
Me afeiçôo ao teu silêncio ancestral
E sonho contigo em vôos noturnos
E ao acordar, envolto em penumbra
Esfrego meus olhos, tal fazia em criança
E minha visão se vai,
Mesmo eu acreditando em seu sorriso,
Na suavidade de suas asas
E na paz que suas promessas trouxeram.