FRIO DA AUSÊNCIA
FRIO DA AUSENCIA
Sinto frio quando teus olhos estão ausentes,
Gela-me o coração quando vai, quando partes,
Toldam-se meus olhos de gotas que,sendo quentes,
Não acalentam a frieza de estar só!
Frio, muito frio, nas noites solitárias
Sem poesia nem um beijo
Vazias num lugar que ali, sem ninguém,
Está preenchido pela imagem impalpável do ser!
Tremo, agarro-me, abraço-me ,
Tento aquecer este desalento do vazio
Onde me procuro no aconchegar,
Olhando diante o vidro fosco,
Humedecido pelo temporal que corre
Na rua, indiferente, insensível!
Que tremendo castigo, que lonjura,
Que caminho mais penado poderia levar-me
A uma solidão que me castiga!
Encostado à janela, olho a chuva,
Vejo as árvores dançar com o vento
De que seu companheiro nesta tarde,
Enquanto eu, no meu recanto de silêncio,
Sinto frio, muito frio!
José Domingos