ADEUS DO REGRESSO

ADEUS DO REGRESSO

Aquele parecia o último adeus!

No cais onde chegara, zarpou minha nau

Frágil, baloiçante, desfraldada

Em ventos de uma partida incógnita!

Um último olhar sobre a terra

Que exalava o cheiro de floresta e sonho

Selvagem como as flores mais belas da pradaria,

Fechou no meu peito trilhos e caminhos

Salpicados de sal e maresia

Daquela terra distante, bela, tão quente, tão fria!

Meu lenço banco não queria libertar-se

Em abraços, em beijos, em saudades,

Pesado de lágrimas vertidas

Tal como o poeta escreve seus versos!

Devagar, lentamente, minha nau fugiu

Embrenhou-se na profundidade do horizonte

Confundindo-se com a bruma que a abraçou!

Aquele cais, aquele pedaço de vida

Longe, ali ficou, na solidão do deserto

Cheiro de gente,

Ali mesmo, tão perto

Da calmaria triste que desabou sobre a saudade!

Oh, Saudade, palavra e dor!

Que mágoa inspiraste naquele sorriso

Que hirto ficou, na ânsia do regresso

Da minha nau, já distante,

Devorada pelo oceano, pelo desalento

Apenas ela…e o vento!

Que saudades daquele cais, daquela terra

Daquele sonho verdadeiro!

Num derradeiro agitar de braço

Acenei e fez-se brisa

Tão calma e precisa

Que roubou de meus olhos a última lágrima,

Levando aquele porto de partida

Uma eterna mensagem de amor!

De repetente, o leme virou, as velas enfunaram

As ondas cantaram e o céu se abriu,

O rumo mudou, serenaram as vagas

E meu barco sem rumo, preparou as amarras

Regressando em festa

Ao porto de onde partiu!

José Domingos

Jose Domingos
Enviado por Jose Domingos em 18/12/2008
Código do texto: T1341252
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