ADEUS DO REGRESSO
ADEUS DO REGRESSO
Aquele parecia o último adeus!
No cais onde chegara, zarpou minha nau
Frágil, baloiçante, desfraldada
Em ventos de uma partida incógnita!
Um último olhar sobre a terra
Que exalava o cheiro de floresta e sonho
Selvagem como as flores mais belas da pradaria,
Fechou no meu peito trilhos e caminhos
Salpicados de sal e maresia
Daquela terra distante, bela, tão quente, tão fria!
Meu lenço banco não queria libertar-se
Em abraços, em beijos, em saudades,
Pesado de lágrimas vertidas
Tal como o poeta escreve seus versos!
Devagar, lentamente, minha nau fugiu
Embrenhou-se na profundidade do horizonte
Confundindo-se com a bruma que a abraçou!
Aquele cais, aquele pedaço de vida
Longe, ali ficou, na solidão do deserto
Cheiro de gente,
Ali mesmo, tão perto
Da calmaria triste que desabou sobre a saudade!
Oh, Saudade, palavra e dor!
Que mágoa inspiraste naquele sorriso
Que hirto ficou, na ânsia do regresso
Da minha nau, já distante,
Devorada pelo oceano, pelo desalento
Apenas ela…e o vento!
Que saudades daquele cais, daquela terra
Daquele sonho verdadeiro!
Num derradeiro agitar de braço
Acenei e fez-se brisa
Tão calma e precisa
Que roubou de meus olhos a última lágrima,
Levando aquele porto de partida
Uma eterna mensagem de amor!
De repetente, o leme virou, as velas enfunaram
As ondas cantaram e o céu se abriu,
O rumo mudou, serenaram as vagas
E meu barco sem rumo, preparou as amarras
Regressando em festa
Ao porto de onde partiu!
José Domingos