MEU RIO TEJO

Noite quente; talvez por isso o rio

corra placidamente, tentando não

despertar os pássaros nocturnos,

que se aglomeram nos seus canaviais.

Um ou outro barco, ainda desliza

por suas águas, trazendo pescadores

e suas redes bem cuidadas.

Vão direitos à foz, que se instala um

pouco mais em baixo, onde os esperam

familiares e os mesmos curiosos, de sempre.

Estranhos reflexos de prata, bóiam à

superfície, interagindo com

a luz das estrelas e a luz da lua.

Suprema alegria, para as crianças, que,

assim, têm uma desculpa, para

recolher, a seus leitos, mais tarde.

Que estranha magia, há nestas águas,

contando histórias de outrora e de

glórias tidas, hoje gravadas em marmóreas

estátuas, impertinentes?

Mas o rio não se importa com nada disso

e fluente segue o seu curso de sempre,

para homens e animais: paisagem idílica.

Ah, este é o rio, de minha aldeia, debruçando-se,

sorrateiramente e sem pedir licença,

no beiral de minha janela!

Jorge Humberto

05/08/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 06/08/2008
Código do texto: T1115511
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