Desolação
Desolado . . .
Outra vez solto na vida nu e sozinho . . .
Caminho à beira-mar encharcado de solidão . . .
Deixo-me mergulhar neste abandono . . .
Levem minha solidão, ondas do mar sem fim!
Busco luminosidade;
Encho-me de escuridão . . .
Revejo, na parede da memória, dias outros,
Dias supostamente mais felizes . . .
Outrora . . .
Meus sonhos desfeitos como castelos de areia à beira-mar . . .
A ponte que me ligava aos meus semelhante desmoronou,
Desmoronou porque suas pilastras eram de tédio . . .
O tédio, meu Deus, meu tédio,
Tédio imenso como um deserto sem oásis . . .
Afogar-me no mar,
Perder-me no mar,
Encontrar-me figura etérea, no mar . . .
Bóio no mar da vida como garrafa de náufrago,
E meu coração não se contenta com nada.
Oliveira