PACTO COM ANJOS

Sempre fui um cara preso.

Preso à mãe. Preso à família.

Não tinha liberdade de expressão.

E, quando tinha, era porrada.

Assim, vivi minha juventude.

Encontrei uma namorada. Linda...

Porrada. Porrada. Porrada.

Tonto de tanta porrada.

Prova de matemática?

Porrada! Português? Porrada!

Química orgânica? Porrada!

Queria anjos pra fazer pactos.

Queria asas como eles as têm.

Pra voar longe da escola, dos pais,

da matemática. Matemática é má.

Conhecimentos gerais é bom!

Não têm resultados previsíveis.

Assim como nunca soube quem ia ser.