Deixem...
Não transformem meu amor
em vil
não o diminuam
nunca.
Façam-no breve e lápide.
É como apedrejar o corcovado
e sorrir de medo.
Ninguém apedreja.
Ninguém é juiz o bastante
para falar do amor que sinto.
Deus o fez assim,
senão, eu não o sentiria´:
é amor sossegado num turbilhão de barulhos,
num momento de paz de cólera.
Imagine a pluma que cai
da asa do bem-te-vi
em seu último vôo.
Leveza, canto
e despedida.
Não sou capaz de encontrar mais palavras
para descrevê-lo agora.
Terei que, primeiro, deixem,
vivê-lo mais.
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Primeira versão em 30/08/1995