- O GRITO DA TERRA -

Como infinita e sempre aberta ferida,

segue, mais uma estrada,

a rasgar o verde,

a destroçar o ventre,

a consumir as entranhas

da Terra-Mãe desolada.

Dizem ser,

via necessária ao progresso

que se pretende fazer,

apesar de sua desmedida voragem

de dizimar tudo o que encontra

em seu caminho:

seja bicho

árvore

ou o próprio homem

esse predador enlouquecido

de sua verdadeira origem esquecido,

esquecido de sua frágil condição humana,

- do Pai, criado, à imagem e semelhança,

porém, corpo no barro moldado.

A agressão segue incessante,

ao ritmo monótono e frio do machado,

na cantilena aterrorizante

das moto-serras,

no trágico avançar do trator.

e, sem voz contrária que se levante,

a Terra grita sua dor,

num pranto de lágrimas secas,

por secas as suas nascentes,

pelo egoísmo, cobiça e ódio

oculto no agro-negócio,

e pela mesquinha indiferença

de cada um de nós.

- por JL Santos, madrugada de 09/04/2008 -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 26/04/2008
Reeditado em 29/04/2008
Código do texto: T962529