LENÇO - II

LENÇO II

Lenço – bandeira agitada

ao sopro do coração,

quanto é sublime e sagrada

tua grandiosa missão !

Se a despedida amargura,

nos comove e embarga a voz,

és como a própria ternura,

traduzindo o adeus por nós.

Quando à tardinha, ao sol-posto,

o pássaro se agasalha,

és tu que secas, no rosto,

o suor de quem trabalha !

És solidário, és o amigo

que enxuga meu triste pranto ...

e é por isto que bendigo

o teu mister doce e santo.

Quando Maria, na face,

o pranto amargo vertia,

não houve com que enxugasse

a lágrima que corria ...

Mas Deus, percebendo, então,

teu valor bendito e imenso,

deu ao poeta inspiração

- e um poeta inventou o lenço !...

Élton Carvalho

Élton Carvalho (em memória)
Enviado por Élton Carvalho (em memória) em 22/03/2008
Reeditado em 22/03/2008
Código do texto: T912521