LENÇO - II
LENÇO II
Lenço – bandeira agitada
ao sopro do coração,
quanto é sublime e sagrada
tua grandiosa missão !
Se a despedida amargura,
nos comove e embarga a voz,
és como a própria ternura,
traduzindo o adeus por nós.
Quando à tardinha, ao sol-posto,
o pássaro se agasalha,
és tu que secas, no rosto,
o suor de quem trabalha !
És solidário, és o amigo
que enxuga meu triste pranto ...
e é por isto que bendigo
o teu mister doce e santo.
Quando Maria, na face,
o pranto amargo vertia,
não houve com que enxugasse
a lágrima que corria ...
Mas Deus, percebendo, então,
teu valor bendito e imenso,
deu ao poeta inspiração
- e um poeta inventou o lenço !...
Élton Carvalho