O grito
Meu grito emerge
Do abismo de minha solidão,
Agiganta-se,
Procura encontrar eco na aridez dos desertos,
Nas montanhas longínquas,
Na imensidão dos mares,
No tumulto dos centros urbanos . . .
Oh, transeunte do acaso,
Na esquina de uma rua qualquer,
Ouve meu grito de socorro!
Arranca-me dessa solidão,
Dessa masmorra em que me enclausurei!
Ressuscita-me para a frivolidade do cotidiano!
Hoje, quero perder-me pelas vielas de ser,
Quero filosofar diante de um balcão de botequim,
Quero rir de tudo, de todos, da vida, de mim mesmo;
Quero chorar todos os rios que deságuam em mim;
Quero embriagar-me, inebriar-me, entorpecer-me
Com todas as delícias clandestinas . . .
E depois . . . Depois . . . Ah! . . .
Pouco me importa o que venha depois! . . .
Oliveira