Missivista

"Cartas,

você só me mandou duas

e elas já tem suas linhas gastas

das vezes que as reli pela última vez:

eu sempre me prometo uma última vez.

De meus amores todos,

você foi a que menos me escreveu

e a única que ignorou meu desespero

ao tentar me escrever em você.

Em verdade, porém,

é mais fácil percorrer com os olhos sua escrita

do que seu corpo com minhas mãos

e essa dificuldade afastou a que escreveu

da que queria ser lida como real.

O que me sobrou foi aquela carta

na qual você assina: "Sua, sempre sua!"

e essa minha vontade de requisitar minha posse."

Diego Filipe Araujo Alcântara
Enviado por Diego Filipe Araujo Alcântara em 24/02/2008
Código do texto: T873991