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(...) Há tanto tempo o mar não lhe dizia segredos tão secretos cochichando ao seu ouvido que as primeiras palavras o assustaram... foi um susto passageiro. Logo reconheceu, naquele que secreta infantilmente suas paixões, o mesmo mar amigo de sempre. Eram velhos amigos, conhecidos de longa data, por muito pouco tempo estiveram separados, mas cada dia parecia uma eternidade. O mar lhe contava, segredando-lhe, tudo o que via pelas diversas praias, países, continentes, espaços vazios, que conhecia e que banhava, sempre tímido, de sol à sol, sem nunca cessar. Ele contava para o mar tudo que suas pernas lhe mostravam além da areia clara e fofa. Todas as decepções, medos, verdades e mentiras, tristezas que a vida bípede lhe trazia. O mar lhe consolava, lhe dava notícias da amada e trazia, sempre que podia, um pouquinho do perfume dela para que ele o sentisse e não ficasse tão sozinho... E lá ficavam os dois... Ele e o mar, cada um desejando ser um pouquinho do outro... Depois daquele dia o mar e o homem nunca mais foram os mesmos...