Outro prumo
Quando eu criar asas
Vou voar sem direção.
Mas não sou anjo do céu,
Nem ave de arribação.
Sou escravo de formigueiro,
Sou martelo de construção.
Na virada da pá,
Sou da pá virada.
Na tocada do boi,
Sou mugido na alvorada.
Minha boca aberta tá com sede de mar.
Tô parado no porto, meu caminho tá torto,
Na virada da pá.
Tô caiando a alma,
Tô virando a massa,
A vida é um melaço que quero me lambuzar.
Essa lida é terminada,
Tomo rumo nessa virada,
Tô no prumo de outra jornada.
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Poema integrante do livro "Sob a bruma paulistana"
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