Cadáveres de sonhos
Cadáveres de sonhos
Disperso-me . . .
Viajo por paisagens de sonhos,
Sonhos que são os cadáveres de outros sonhos
Que se extraviaram no desenrolar do novelo da vida . . .
Sonhos de outrora, de quando andava pela vida
Alheio à violência urbana,
Às conseqüências desastrosas das guerras,
De quando ainda não tinhas cicatrizes de desenganos . . .
Um brisa leve toca a copa das árvores frondosas
Que margeiam o rio que corre sonolento . . .
Sou um barco velho que jaz cadáver
De olhos arregalados para os juncos negros
Que se vergam submissos ao vento frio . . .
Tudo tão inútil,
No silêncio da tarde que vagueia sonâmbula
Pela imensidão azul desse céu de abril! . . .
Flores silvestre (parecem donzelas
Que se debruçam à janela com olhos sorridentes
Para os rapazes que as olham com fingida indiferença) . . .
As flores silvestres perfumam os caminhos
Que levam aos montes distantes . . .
Minha infância perdida . . .
Oliveira