Encontro das águas
Quando o Potengi desaguar no Tietê,
Vou construir um barco de cana-caiana,
Vou navegar nesse leito alargado,
Vou verdejar o cinza sob a bruma,
Vou cantar meu verso misturado,
Vou fazer plantio na margem.
Vai brotar pé de caju entre os ramos de acácias,
Vai brotar a carnaúba no pé de jequitibá.
“Vamo” ver jangada de vela branca deslizar no espelho d’água,
Ver pescador puxar na tarrafa lagosta graúda para “nóis” comer,
Vou fazer sushi de pescada na margem do Tietê.
Quando o Potengi desaguar no Tietê,
Vai trazer o mangue verde, o caranguejo e as caiçaras.
Ah, vou esticar minhas pernas na proa do meu barco,
Vou marejar meus olhos vendo as searas das margens desse rio misturado,
Vou esperar o tempo de brotar por toda a cidade as flores da felicidade nos ramos das cerejeiras.
-------------------------------------
Poema integrante do livro: Sob a bruma paulistana
http://www.paulo.depoty.nom.br