AUSÊNCIA
E foste a lágrima
a última embalagem,
embrulhei-me na dor
da ausência,
eras o invólucro
da despedida.
Enlutei-me no abandono
dos teus olhos,
Por quem choraria
no leito vazio?
Vigiei
cada dia a esperança
até o limite
da exaustão,
no limiar
da ilusão
vaguei em todos espaços,
já não eram mais passos,
era procissão.
Desabotoei
a fantasia do regresso,
me despi na estrada
do teu figurino
que
ainda menino,
lhe dei
para que foste
a minha entrada
e eu o teu ingresso.
Até que um dia
a lágrima secou,
o leito exauriu,
não sobrou
nem uma migalha
do amar
então,
da forma
que partiu,
você voltou,
eu não estava mais lá,
apenas a mortalha
e uma carta
que não o tempo
não soube rasgar.