REDEMOINHO
Quantas bocas
hão de existir
no teu silêncio,
em tuas fúrias contidas,
nos lamentos reprimidos,
na saudade acumulada,
na alegria amordaçada.
No vazio
que me tocas
eu percebo,
de passagem,
quando choras
é placebo,
tua maquiagem,
quando
notas
que teu riso
é a tua imagem.
Mas se ainda te
calas,
eu te digo,
tua mudez,
guarda em ti
tua voragem,
as falas,
não são teu caminho,
tu és redemoinho,
tão bravio,
nele
não consigo
ser teu rio,
me cabe
ser apenas
tua margem.