DESLABIAL
Esperei o beijo,
derradeiro,
como quem
aguarda a chuva
na terra árida.
Mais do que desejo,
a própria redenção
das ilusões
à beira
do desfiladeiro.
Desidratei-me
de sonhar,
me decompus
em secas esperas,
nada regressou
de teus lábios,
além da áspera mudez.
Eram tão umedecidos,
hoje faz-se emudecidos,
em sua face, esquecidos,
nem úmidos,
nem últimos,
nem íntimos,
apenas ausentes,
na boca, na esperança,
silentes...