DESLABIAL

Esperei o beijo,

derradeiro,

como quem

aguarda a chuva

na terra árida.

Mais do que desejo,

a própria redenção

das ilusões

à beira

do desfiladeiro.

Desidratei-me

de sonhar,

me decompus

em secas esperas,

nada regressou

de teus lábios,

além da áspera mudez.

Eram tão umedecidos,

hoje faz-se emudecidos,

em sua face, esquecidos,

nem úmidos,

nem últimos,

nem íntimos,

apenas ausentes,

na boca, na esperança,

silentes...

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 06/04/2025
Código do texto: T8303405
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