RENASCIMENTO
Observava-a,
exilava-se de toda vigília,
ia se ter em sonhos,
povoar leitos.
De alta densidade,
demográficas eram tuas dormências,
iam ocupando por completo
meus olhos,
no território do meu imaginário
insone.
Eu a contemplava
não me permitia direitos
nem prerrogativas
de cruzar fronteiras
e invadir o seu além,
pois o teu sono
embaralhava mortos e vivos,
confudia-me as percepções,
depois compreendia
que para renascer era preciso morrer.
E que sepultura melhor
haveria de ser um travesseiro
com penas de novos úteros ?
Quando acordava,
ofertava-me o melhor dos
seus beijos,
foi buscá-lo,
à sorrelfa,
no mundo dos deuses,
eu já havia
ficado com o fogo,
aquele que Prometeu.
Juntos,
éramos um único pavio
acendíamos
em incendiárias volúpias,
em providenciais insônias,
até que Morfeu a chamasse
novamente,
e a trouxesse de volta
plenamente renascida.