ALGIBEIRA

É certo que

nas noites tempestuosas

os olhos procuram, sôfregos,

as virações.

Teimam em não se

exilarem nas desistências,

a brisa — pensam —

há de pairar escondida

entre as taciturnas nuvens,

como um sorriso guardado

na despedida das lágrimas.

A esperança tem dessas coisas,

não se apega a tempestades,

somente a tempestividades,

na prerrogativa

da sua imortalidade.

Quando menos se espera

raios e trovões se acorvadam

diante dela,

retiram-se à moda dos franceses,

"jusqu'à un nouveau jour" ¹,

e o céu ganha contornos azulejados.

Que bom que o Criador

criou a algibeira no firmamento,

não existe fardo tão pesado,

nem nuvem tão carregada

que não sucumba

a uns cobres

ou a uns raios de sol,

no fundo do bolso interior,

onde depositamos o sentido

de toda resiliência. //

(nota 1: "Até outro dia!" )

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 01/04/2025
Código do texto: T8299818
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