E a cortina se fecha
Eis que a cortina se fecha, minha bela,
E o palco da vida se rende ao silêncio.
Partes… e em teus olhos, já não sou centelha,
Mas sombra que acena num gesto dispenso.
Não culpo o tempo, nem tua partida.
O amor, por si, já foi luz suficiente.
Mas finda a flor, finda também a vida
Do jardineiro que a regava contente.
Que fique claro: não é rancor que falo,
Mas gratidão tingida de saudade.
Fui feliz no instante em que, no embalo,
Provei do teu riso — pura eternidade.
E agora, retiro-me, como um poeta vencido,
Que declama seu verso final sob a lua.
Se não sou mais teu, que eu parta esquecido,
Mas leve comigo a lembrança tua.
E se um dia, no tempo, em brisa ou lembrança,
Sentires saudade de um amor sem igual,
Saibas: o que houve não morre, apenas dança
Nos salões da alma… num eterno final.
Adeus, meu amor. Que a vida te embale.
Que teus dias sejam firmes e gentis.
E se por acaso o destino fale…
Que lembre de nós — e nos chame de “feliz”.