ARMISTÍCIO
Soam os sinos
da liturgia,
buliçosas palavras
alcançam a alma inquieta.
Houve um tempo do silêncio,
depois veio a badalação,
o espírito quedou-se em frenesi.
Bulícios,
inventariaram meus demônios,
despossuí-me da paz,
despi-me do manto
e de tudo mais que agasalhava-me
nas noites frias.
Tudo virou sombra,
assombros,
escombros
do que um dia fui.
Na badalação me perdi,
no badalar tento me encontrar.
A batalha continua
nos cotidianos dualismos
do corpo e da alma,
Às vezes penso em jejuar,
outras, em alimentar
aquele lobo...
Enquanto a fome ou o fastio
não consomem
a carne e o seu pecado,
empresto ouvidos
à esperança,
à espera aflita do sino
em seu campanário.
Não sei quem vencerá a guerra,
mas sei
que entre mortos e renascidos,
na dúvida que o prazer imputa,
no fundo eu só quero um pouco de armistício.