SILENTE
De ti nada tenho a dizer,
cultivo-lhe no silêncio,
somente sementes
da boca dormente.
Qual pífias
são as palavras
desverbalizadas
no pensamento?
Encontro-lhe
em cada mudez,
na nudez
do momento,
visto-lhe
com votos
e roupas
de convento.
Já consumi
as oralidades,
na lida, na hora,
na integralidade
do vazio
que me alerta,
quando
a falta,
do meu não-dizer,
me farta
e já não me afeta.