GENTÍLICO
"Aquele que renuncia a sua terra natal,
renuncia a seu Deus."
Dostoiévski (1821—1881), escritor russo.
GENTÍLICO
De que me chama?
Desemcubido de rotinas,
avesso aos enfadonhos,
invisto-me em sonhos,
da terra germino
sementes de purpurinas.
Constituído
de vida,
sou pólen
para quem quiser amar,
frutifico-me à sombra
de qualquer lugar.
Sou essência,
melhor jardim,
sou da pele
teu perfumar,
melhor jasmim
sou da rosa,
do Rosa, também
da hortênsia,
sou de quem
me quer bem.
Sou teu passo,
se palpitas
o marcapasso,
se danças
na circunferência,
sou teu compasso
o teu traço,
e se quiseres,
o espaço
da tua existência.
Sou ilusão,
em teu universo,
serei teu vulcão,
quando fores
minha erupção,
sou feito de rima,
sou feito de verso
se queres ascender,
serei asceta,
se queres acender
serei pavio,
serei quente
ou serei frio,
serei bravio,
ou gentil
ou simplesmente,
no melhor
gentílico,
do torrão
que Ele empresta,
serei idílico,
serei paixão,
serei poeta!