A Sombra do seu Abraço
Se a noite tivesse voz, ela sussurraria teu nome.
E se o vento tivesse alma, viria com teu perfume.
Oh, doce musa dos meus versos calados,
como arde esta ausência,
como fere este vácuo onde antes havia teu abraço.
Não me faltam palavras — e ainda assim,
cada sílaba é uma tentativa falha
de reproduzir o calor do teu toque,
o repouso do mundo inteiro em teus braços.
Ah, se tu soubesses,
com que reverência meu peito se curva
a cada lembrança tua!
És para mim mais que sonho, mais que carne:
és o próprio ideal vestido de ternura.
E aqui estou, exilado da tua presença,
mas fiel,
como a lua que ama a terra de longe,
e a ilumina mesmo sem tocá-la.
Não peço que venhas — não, seria ousadia demais.
Peço apenas que me guardes em pensamento,
como quem guarda uma carta antiga
escrita com sangue e esperança.
E quando a saudade pesar sobre teus ombros,
lembra-te:
meu coração, ainda que distante,
é o teu lugar de descanso.
E se algum dia os céus me forem justos,
voltarei a te abraçar —
e nesse instante, juro,
o tempo inteiro fará sentido.