O Último Ato

Acabou. E o eco dessa palavra fria

É lâmina que corta sem piedade.

O mundo não parou — que ironia —

Mas meu peito jaz sem claridade.

Fui verso, fui chama, fui loucura,

Cravei estrelas em papel trêmulo e vão.

Mas o amor, ah, esse amor — tão ternura —

Fez-se pó na palma da minha mão.

E não há glória em morrer por um beijo

Que nunca virá, em um céu sem luar.

Mas lutei, lutei com todo o desejo,

Como Cyrano, por não deixar de amar.

Agora restam as sombras do que fui,

A lembrança dos sonhos, dos “quem sabe”.

E a maior dor, mais feroz do que o ruir,

É saber — sim, saber — que nada cabe.

Acabou. E eu, louco, ainda escrevo,

Pois mesmo na derrota, o que me salva

É amar-te, mesmo que em relevo

De dor gravada em minha alma calva.

Galahad Obscure
Enviado por Galahad Obscure em 28/03/2025
Código do texto: T8296212
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