Chama Meu Nome, Mesmo que Não Me Ame

Nós nos cruzamos nas ruínas do acaso,

como dois náufragos em meio ao vendaval da vida.

Eu — ferido, mas firme.

Você — bela, porém perdida.

Estendi minha mão, e você aceitou.

Te puxei do abismo, sem nada pedir em troca,

e mesmo assim… você me deu o mundo em um olhar.

Mas, tolo de mim…

acabei me apaixonando —

e esse foi o meu erro mais doce.

Eu te coloquei no alto de mim,

como quem ergue um altar de carne e alma,

te proclamei diante do céu e dos homens,

com orgulho, com fé, com devoção.

E nos momentos difíceis, oh…

quando tudo ruía,

eu era teu abrigo,

teu chão,

teu último suspiro de paz.

Mas agora, tudo que te peço é um nome.

O meu.

Chama-o, ainda que por piedade.

Chama-o, mesmo que tua boca já não deseje a minha.

Diz que quer ficar —

mesmo que vá embora.

Diz que me ama —

mesmo que só reste silêncio.

Por que não podes esperar, minha estrela vadia?

Por que não esperas até que meu amor se canse,

até que meu peito, exausto, pare de gritar por ti?

Por que tens tanta pressa em me esquecer,

se tudo que fiz foi lembrar de você quando até você mesma se abandonou?

Eu menti, confesso.

Disse que não sentia — e sangrei por dentro.

Quase arranquei de mim a parte que ainda respirava só pra te salvar.

Fui ponte, fui farol,

e você… você me atravessou sem olhar pra trás.

Então, se restar algo —

um sussurro, um suspiro, uma lembrança —

chama meu nome.

E eu irei.

Irei como sempre fui:

inteiro, mesmo partido.

Teu, mesmo esquecido.

Meu caminho será teu eco,

meu passo será tua ausência.

Mas ainda assim,

se me chamares...

eu seguirei meu caminho.

Galahad Obscure
Enviado por Galahad Obscure em 27/03/2025
Código do texto: T8295617
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