NOSSOS EUS

Parece fácil conciliar tantos eus.

Mas, não é.

O ambíguo que reparte

ser e querer ser.

O real, que junta fragmentos

do viver.

O velho, que puro, reluta em aceitar

o inconsequente.

O jovem que, renascente,

teme o roçar do futuro.

O cruel, que aceita alguns massacres.

O bendito, que louva

madres, terezas e calcutás.

O artista, que cria à revelia.

O chucro, que ignora e chora.

O mais bonito, de amores e benesses.

O mais feio, só de interesses.

Parece difícil dispersar tantos eus.

Mas, não é.

Quem vive, vê.

Quem morrer, verá.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 26/03/2025
Código do texto: T8294839
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