NOSSOS EUS
Parece fácil conciliar tantos eus.
Mas, não é.
O ambíguo que reparte
ser e querer ser.
O real, que junta fragmentos
do viver.
O velho, que puro, reluta em aceitar
o inconsequente.
O jovem que, renascente,
teme o roçar do futuro.
O cruel, que aceita alguns massacres.
O bendito, que louva
madres, terezas e calcutás.
O artista, que cria à revelia.
O chucro, que ignora e chora.
O mais bonito, de amores e benesses.
O mais feio, só de interesses.
Parece difícil dispersar tantos eus.
Mas, não é.
Quem vive, vê.
Quem morrer, verá.