UNTITLED II
O que se perde em razão, ganha-se em paz de espírito:
Não há conclusão, nem ultimato,
Mas experiência e desenvolvimento.
Vive-se e morre-se para o Conhecimento,
Mas nem à hora derradeira alguém é conhecido
Somos ''vessels'', recipientes incomensuráveis
Mas nem todas as recepções são calorosas;
Entre o que se experimenta e o que se recusa
Paira a nuvem sempiterna da Incerteza.
A Realidade é o complexo de subterfúgios cujo motor é o Pensamento
Cumpre-se o corriqueiro, sem pensar nas ramificações ou possibilidades
Vive-se para o óbvio, mas a obviedade é velada por um cortejo cego.
Cultivam-se demônios – é certo –
Mas alimentá-los em seu covil é sinal de insensatez.
Simples que somos, buscamos alento na complexidade
E teorias voláteis tem maior nível de confiabilidade
Do que a comprovação definitiva da análise singela, pueril ao dissecar um inseto;
A conclusão precipitada é o xeque-mate não calculado:
Peças movidas a bel prazer no tabuleiro dos dias
E resultados imprevisíveis far-se-ão inaceitáveis à mesma proporção:
Um querer hipócrita, ainda que despropositado.
O comprometimento é a sujeição aos parâmetros
As cláusulas, contudo, são passíveis de retificação sem aviso prévio;
Quando caem as cortinas, o auditório aguarda o desenrolar da trama
Mas o roteiro não contempla o expectador multifacetado.
O conceito milenar desprende-se em algum ponto do tempo;
A Ideia escrutina todos os vieses, e acelera o ritmo da psique
Complementa o ser, estabelece o curso da Criatividade
E o que implementa a originalidade não é conceito, mas seu uso.
Mil palpites virão, partindo de mil pessoas:
O bilhete de uma vida só cabe ao seu portador.
O caos define a nossa capacidade seletiva
E cada escolha é a síntese mais-que-perfeita do indivíduo;
“Ser” deixou de ser o foco – passado e futuro –
O muro ao redor de si, pelo verbo, é criação humana fatídica
– Limitação da capacidade do ser –
“Estar” é o presente contínuo cuja regência
Deve prevalecer no ser – perenemente: Presente.
13/06/2019