Ecos de uma Doce Ilusão
Ó lábios que outrora foram meu altar,
onde a poesia do mundo se desfez em suspiros,
hoje sois apenas miragem a me atormentar,
um sonho esculpido em brumas e giros.
O néctar que em vós repousava em doçura,
destilado em mel que os deuses invejavam,
agora jaz além de minha sepultura,
num cálice que outras bocas provavam.
E teus braços, ó fortaleza sagrada!
foram abrigo ao errante sem chão,
mas finda a aurora, é porta fechada,
é eco vazio, é sombra em vão.
Se outrora fui rei no teu reino secreto,
hoje exílio é tudo que tenho a ofertar.
Teu beijo é um mito, teu toque um soneto,
e teu abraço... ah, teu abraço, meu mais puro lar.