LUTO

Luto

Pela minha vida.

Porém, morro todo dia

E reluto — relutante —

Em renascer das cinzas

Das manhãs chuvosas

Ou ressurgir diamante

Do carvão das rosas.

Porém, as enchentes

Desses dias morrentes

Nada preenchem de fato

Além dos olhos aguados

Por corações magoados

Batendo arritmicamente

Dentro de cada peito

Sentindo de outro jeito

Do que o alheio sente

(Nem assim tão diferente).

Todos feitos do mesmo pó:

Um, estranho, sentindo-se só

Outros ocos, indiferentes

Todos loucos, poucos contentes

(Maior erro que subsiste

Na mente humana, exausta e triste)

Cuja a vida, de um canto escuro

Projetada para o futuro

Pouco vivida, muito menos vívida,

Um rosto fosco, de aparência lívida,

Que definha no mesmo corpo

Na linha tênue entre o vivo e o morto...

10/10/2023

F H Pupo
Enviado por F H Pupo em 14/03/2025
Código do texto: T8285248
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