EM BUSCA DE NADA

EM BUSCA DE NADA

 

Sentado no meio da estrada,

Descansava de tanto andar,

Na viagem em busca de nada,

Depois de ver tudo acabar.

 

Tinha havido a grande explosão,

Que o mundo temente aguardava,

Com o medo na palma das mãos,

Por saber que a fome rondava.

 

Toda água que via era inútil,

Pois tudo havia se contaminado,

E ninguém sabia o que é útil,

Nem ao menos pra ser enterrado.

 

Me lembrei de haver cogumelos,

Pois um tsunami trouxe o oceano,

E o jardim virou pó amarelo,

Entre corpos e a morte boiando.

 

Vi o fim da nossa existência,

Como espécie querendo futuro,

Mas o ódio, usura e indecência,

Se viu diante do caos absurdo.

 

Foi então que tive nova chance,

Quando acordei de outro pesadelo,

Antes que a depressão me alcance,

Ou proponha um final sem apelo.

 

E assim me farei ser liberto,

Pra poder encontrar meu destino,

Ao cruzar o portal céu aberto,

Aceitando um convite divino.