AINDA ESTAREI ENTRE VÓS
AINDA ESTAREI ENTRE VÓS
Irei viajar de dia ou à noite,
Mas ainda estarei entre vós,
Mesmo os que me deram açoites,
E quiseram deixar-me a sós.
Ninguém deve caber em torturas,
Como corpos numa tumba sem ar,
Muito menos ficarem à procura,
Sem saber onde vão se deitar.
Todos nós queremos ser saudade,
Pois com ela nós valemos a pena,
E não importa qual a etnicidade,
Mas saber que a vida é apenas.
Não quero decantar só o amor,
Se preciso falar de amizades,
Pois são medos, tato e valor,
Que revelam as cumplicidades.
Poderíamos voar como pássaros,
E dar saltos também como pulgas,
Viajar sem causar mais estragos,
Com aviões de papel sem agruras.
Falam de Jonas entre as baleias,
Como viajante em nave submarina,
Mas eu gostaria de ter sereias,
E fazer com Poseidon as rimas.
Só vos digo ser o peão do jogo,
Mesmo com meus estigmas reais,
Porque, catulado, sou religioso,
Mas eu creio além dos normais.
Meu princípio divino é natureza,
E navego em poeiras de estrela,
Pois são delas a nossa certeza,
Não de outros mortais numa cela.
Mas sou livre, enquanto há vento,
Ao ser átomo de planos astrais,
E não caibo apenas num tempo,
Então vivo cruzando os portais.