JÁ NÃO QUERO SER POETA

Num vazio sem idade

Já não quero ser poeta

Desisti da escrita

Da métrica e das rimas

Só quero folhas em branco

Sentar-me diante de telas vazias

Voz que nada declama

Mente fechada a qualquer inspiração.

Chega!

Vesti antolhos no coração

Algemei as mãos

Incinerei lápis e canetas

Agora, sou um ser inútil

Distante dos livros

Inimigos das trovas

Sonetos e redondilhas.

Abaixo Camões, Pessoa

Drummond, Cecília

Bandeira e outros vates

Não me venham com saraus

Antologias e jogos florais

Acabou, definitivamente acabou

Dentro de mim a poesia

Bandeiras a meio pau hasteadas

Façam séculos de absoluto silêncio.

(por Hans Gustav Gaus, heterônimo de JL Semeador de poesias, na tarde de 11/11/2024, sobre os dois primeiros versos de um poema de autoria da grande poeta portuguesa, Rosamaria Valente Soares)