OUVIR DALÍ

OUVIR DALÍ

 

Ouvir algo de Dalí é magnífico,

Pois fala das vísceras mentais,

De quem viu bem antes do início,

Decadências de vermes morais.

 

Se nós hoje chamamos de mídias,

Ontem eram apenas na imprensa,

E ninguém tem a arte de Fídias,

Pra dizer o que hoje compensa.

 

Cretinizaram jovens e massas,

Pois o povo não sabe o caminho,

Mas perduram nobreza e castas,

A ditar quem terá pão e vinho.

 

Para o resto das almas perdidas,

Sobrará o rescaldo do incêndio,

Pois queimaram, de livro a bigas,

E o que sobra nem dá um compêndio.

 

Antes, nós tínhamos velhos sábios,

E, agora, sobram imaturos garotos,

Que não sabem o que é astrolábio,

Nem um títere num barco de rotos.

 

Só por isso idolatram fantasias,

De que podem ser ricos e nobres,

Mas não sabem o que são heresias,

E, também, porque existem pobres.

 

Pagam por direito ao sol e a água,

E trabalham pro sustento da súcia,

Que lhes diz ser direito ou praga,

O que na bíblia seria uma astúcia.