VENCER NESSE MUNDO

VENCER NESSE MUNDO

 

Vencer não será um modo divino,

Pois quem vence nunca partilha,

Se busca os louros do destino,

Mas esse destino é a armadilha.

 

Eu vim a esse mundo para inovar,

Dizer o que penso e o que desejo,

Falar sem dogmas e sem odiar,

Plantando o amor como num beijo.

 

Há quem pense que grande é força,

E não vê que grandeza é extensão,

Porque todo o caos é única bolsa,

Onde tudo está, e não há divisão.

 

Imaginem as dimensões desse tempo,

E porque há portais que não vejo,

Mas se queres saber de um evento,

Deixe o vento dizer num molejo.

 

O homem de hoje ainda é tosco,

Porque seu tempo é breve e fútil,

E onde ele clama comigo e convosco,

O bolso estimula o ouro inútil.

 

Queremos tesouros que não teremos,

Pois ao morremos não há regozijo,

Apenas insites de éter e unguentos,

Que permanecem vitórias de Pirro.

 

Quando Aníbal vencia, foi cooptado,

Pelas fantasias de cerca e grama,

Pensou ser melhor estar acomodado,

E, ao fim, iludido, se foi por Roma.

 

Mas hoje, nos tempos fúteis e breves,

Tudo é mais rápido, pois nada é longe,

Pois a velocidade nos faz hereges,

Se as sutilezas deformam o monge.

 

Tudo é ideia e talvez presunções,

Pois há quem se veja como poderoso,

Mas o nosso corpo dá outras lições,

E logo se esvai, deixando só osso.

 

E as minhas ideias e os meus ideais,

São minhas verdades, sob influência,

Que nos tornam monstros e anormais,

Mesmo que, às vezes, use a ciência.