No mar
Quero, como o mar
Jogar as salgadas águas
Na branca areia
E tudo ali deixar
Quero libertar
No salgar dessas águas
A dor imensa
Que a mim quer matar
Deixarei o meu corpo
Desfazer-se nas areias
Molhado
Refazer-se em lua cheia
Cumprirei o meu penar
Nas lambadas das águas
Que no meu corpo
Forte baterá
Não fugirei
Ali ficarei
Minha alma lavarei
E da dor me libertarei
Mar que desde a infância
Esteve comigo
Ondas que meus pés lavou
Sei da sua importância
Ondas que meu corpo derrubaram
Sobre a areia e seu calor
Meu coração moldaram
Ensinando-me a dor
Entre o gozo que me dava
Pela beleza que eu via
Cheguei ao gozo no oposto
Por tudo que eu sofria
E em cada anoitecer
Sob a luz da prateada lua
Eu na sombra você eu via
Por dentro eu morria
Quero apreciar
O mar
A prateada lua
Sem lágrimas rolar
Serei eu com as pedras
Cujas águas desse mar
Arrebentam com toda força
Sem nenhuma se importar
Mar, doce mar
Que saudades você me dá…