A morte

Doce figura que aos meus olhos encanta

Veneno saboroso que minha alma mata

Não sabes o quão belicoso

É o silêncio que me impõe de forma ingrata

Delicado arminho que a mim desacata,

Em voraz aurora marinha que nácares aviva,

Essa fronte, que de tão doce deriva,

Linda rosa púrpura que meu sangue desata

Descolore o manto da vida

Em suave veludo de breu tingido

Dura madeira pela dor rachada

Em preces por tantos fingida

Troca em negro voraz o lustroso rubro

Brota em pranto cruel púrpura viva

Profana em turvo pez o que do coração deriva,

Muda em luto infeliz nessa vida sem vida.

Jasmim que a mim foi na alvura a luz aurora

Esperança de plena luz e nela repousa

Infeliz rosa que tirou-me o atributo

E fez-me o nada de agora

Porém fora melhor que assim não fora,

Pois a ser breu, pranto, barro e luto,

Na cova guardo tudo junto

E nela nascerá enfim a rosa

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 02/11/2024
Código do texto: T8188205
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