A morte
Doce figura que aos meus olhos encanta
Veneno saboroso que minha alma mata
Não sabes o quão belicoso
É o silêncio que me impõe de forma ingrata
Delicado arminho que a mim desacata,
Em voraz aurora marinha que nácares aviva,
Essa fronte, que de tão doce deriva,
Linda rosa púrpura que meu sangue desata
Descolore o manto da vida
Em suave veludo de breu tingido
Dura madeira pela dor rachada
Em preces por tantos fingida
Troca em negro voraz o lustroso rubro
Brota em pranto cruel púrpura viva
Profana em turvo pez o que do coração deriva,
Muda em luto infeliz nessa vida sem vida.
Jasmim que a mim foi na alvura a luz aurora
Esperança de plena luz e nela repousa
Infeliz rosa que tirou-me o atributo
E fez-me o nada de agora
Porém fora melhor que assim não fora,
Pois a ser breu, pranto, barro e luto,
Na cova guardo tudo junto
E nela nascerá enfim a rosa