CICLO OU FINAL

CICLO OU FINAL

 

Ele foi um rei tão magnânimo,

Que ninguém desejava perdê-lo,

Mas a vida se vai com o ânimo,

E a velhice não vai demovê-lo.

 

Tudo aqui tem ciclo ou final,

Mas um ciclo poderá retornar,

Com intervalos ou sem sinal,

De quem vai chegar ou aguardar.

 

As encruzilhadas desses ciclos,

São como fronteiras do tártaro,

De onde alguém ouve os gritos,

Daqueles sem qualquer anteparo.

 

É como nas bordas de cada sol,

Mesmo quando há luas e astros,

Na elíptica das vidas tão sós,

Ou que morrem antes do parto.

 

Uns são filhos apenas de ovos,

Sem as contrações de um útero,

E outros só renascem nos solos,

Com minhocas e terra que cubro.

 

Houveram até cidades aquáticas,

Com baleias, golfinhos e lulas,

Cachalotes de vidas monásticas,

Trilobitas de modos birutas.

 

Nelas o reinado é de Poseidon,

Ou estaríamos nós em Atlântida,

Mas Urano não foi um pai bom,

Na trama que não foi romântica.

 

E vieram os titãs e ciclopes,

Como outros estilos de deuses,

E o acordo cessou lá nos Alpes,

Longe do Olimpo e dos gauleses.

 

Surgiram semíticos versículos,

Ou seriam os delírios caldeus,

E gravaram em pedra com riscos,

Doutrinando filhos de Prometeu.

 

E assim, fabricaram novos ritos,

E chegou-nos a crença abraâmica,

Nos dizendo estórias de mitos,

Mas um deus além da cerâmica.