SÓ O AMOR PREVINE

SÓ O AMOR PREVINE

 

Numa estrada tudo é margem,

Pois senão não teria destino,

Ou haveria só vida selvagem,

E nós seríamos algum desatino.

 

Não haveria amor, nem paixões,

Pois só o amor verídico previne,

Das agonias e alguns comichões,

Que o tesão tão apenas aflige.

 

É assim que amor tem sinônimos,

E um deles é apenas o sofrer,

Pois nem sempre é um antônimo,

Se o ódio é o amor sem poder.

 

Na cama de varas pode haver limo,

Como a flor pode guardar serpentes,

E a boca de um jacaré e seu primo,

Poderá te mastigar com seus dentes.

 

E, por isso, lhe conto um segredo,

Se não vou te seguir indo andando,

Pois não vou me enterrar logo cedo,

Desde quando teu amor é meu plano.

 

Vejo espinhos em cada caminhada,

Mas aprendi a cruzar o mar rubro,

Ou andar no mar morto ou picada,

Que abri sob um manto de veludo.

 

Sei a sensação de cada tragédia,

Pois nasci para tudo enfrentar,

Com histórias de todas comédias,

E a dor que não tem mais lugar.

 

Nesse mundo já não há paraíso,

Pois o gozo vem de um pagamento,

E esse garoto não tem mais juízo,

Pois o seu aluguel é fermento.