NO VARAL SATÉLITE NATURAL
Por entre as cordas dos varais
E objetos espalhados
As tranqueiras do dia a dia
Nessa não perfeição que circunda
Aqui estou, discípulo vassalo
orbitando em volta dela,
Sou satélite agora.
E lá em cima por entre as cordas
Ainda azul, ainda de insondável infinitude
Com a mesma já decantada
Pele sardenta de estrelas
Ainda está, esquecido coitado
O mesmo de outros tempos, abandonado
Hoje só se olha para baixo
No prosélito culto às telas.
Céu de apostas e perguntas
Com o ecoar dos mistérios nos cantos
E ela ah ela, silente, ronda, passo a passo
Já fora grande no horizonte
Agora brilhante no ápice
E a mesma que brilha cá, brilha lá,
Com certeza doura pastos,
Prateia estradas noite é dia
lá distante
em todo lugar
Furmusura pura
Dama nua,
Hoje mais azul
Tem o tamanho da dimensão da poesia.
E sobre ela pesa as cordas dos violões
O som dos versos, frases de amor ou dor
o abrir das janelas, a expressão do êxtase
As lentes a miram, os olhares a contemplam
A terra a atrai
o poeta pira
Segue no curso entre raios e belezas
Entre sonhos e tempo distante
despertando tanta coisa aqui dentro da gente
Vai pairando, derramando-se sobre nós
vai seguindo...