QUASE NINGUÉM ACREDITA

QUASE NINGUÉM ACREDITA

 

Se hoje nós ainda sonhamos,

Tem a ver com o nosso passado,

E o que a vida mede em anos,

Eu diria ser ciclos somados.

 

E nós seríamos apenas poções,

Ou só potes com ingredientes,

Na cabana onde estão os dragões,

Com hidras de lerna ausentes.

 

Mas um dia haverá outro plano,

Pois o Cosmos tem as dimensões,

E o portal olharei sobre ombros,

Por entre espirais constelações.

 

Sei que quase ninguém acredita,

Pois as pessoas são tão literais,

Como foram Tomé e os sefarditas,

Entre mouros e celtas, não mais.

 

Hoje a vida é de ter e não ser,

Pois o ser pode ser qualquer um,

Mas o ter nos demonstra o poder,

Que, no fim, leva a lugar nenhum.

 

Ao morrermos voltamos ao caos,

Onde é disperso nossas energias,

E não adianta subir mais degraus,

Pois nas quedas tu não contagias.

 

Todos nós estamos num estágio,

Que gravita prisioneiro da estrela,

Mas o vácuo é como um presságio,

De que nada, sem dor, se revela.

 

Todo aprendizado é com as dores,

Seja do parto, na fome ou sede,

Mas um dia irei além dos Açores,

No meu mar, onde não tem a rede.

 

Seguirei abraçando as culturas,

Pois elas demonstram o que sou,

Meditando o passado e as curvas,

Que a jornada da vida encontrou.