Eu e o Gafanhoto - Por Chris Katz - Donzela do Gelo
Profetizei mil séculos
diante de um gafanhoto que dançava
o amarrei em meu destino
levantando poeira a beira do caminho
E mesmo assim, ele me olhava como mil raios de luz a cortar-me em fatias de vaidade
A cada dia e noite juntos
Eu e o gafanhoto seguíamos
na mesma trilha dividindo
a mesma mesa invisível e faminta
A cada salto que sobre mim ele dava
me fazia lembrar da boa graça
de sua companhia, dei-me conta então, que eu era seu campo e seu plantio era seu alimento
e sua hortaliça
No olhar do gafanhoto havia fome
e no meu olhar o passado a me assombrar, já estamos cansados,
eu e ele estamos, o futuro é agora ergo a mão rapidamente de forma harmônica mato o gafanhoto, coloco-o na mesa invisível e me sento, olho para ele imóvel e penso, que no vento seguem as suas asas num traço do nada iluminado, e que nesta trilha vã ou vazia, são meus pés que seguem, agora sozinhos nesta trilha chamada vida.
Eu e o Gafanhoto - Por Chris Katz