LUTO DO UMBUZEIRO

LUTO DO UMBUZEIRO

 

Havia naquela rua um umbuzeiro,

Pequeno, sagaz e nos dava frutos,

A salvar os livros de um isqueiro,

E logo tornou-se motivo de luto.

 

Venderam as estantes da cultura,

E logo serraram o meu umbuzeiro,

Nos dizendo que ouro traz cura,

E eu te digo que não sou mineiro.

 

Ser poeta é não ficar calado,

Mesmo que nos matem na forca,

Pois a poesia afronta o Estado,

E a cobrança conflita sua força.

 

Quem serrou o pobre umbuzeiro,

Merece as multas dessa vaidade,

Pois nem sabe pra que o dinheiro,

Mas eu digo que punam esse bagre.

 

E obriguem a plantar pés de umbu,

Pois a urbe precisa da natureza,

Se essa terra não é só bola azul,

Mas a casa das sombras à mesa.

 

E por isso irei acordar Jequié,

Pra falar de natureza e cultura,

Porque só tendo presídio e sacué,

Não nos garante cidade e fartura.