DIAS DE PESADELO
DIAS DE PESADELO
Os dias de hoje são só pesadelo,
E não satisfazem nossa ganância,
A qual não havia na era do gelo,
Nem era vontade em nossa infância.
Mas somos tratados como estatística,
E somos levados no barco de Ares,
Transando com quem edita a lista,
Pensando que somos seus avatares.
Quando não gostamos de nós mesmos,
Trocamos a foto dos nossos perfis,
Mudando os versos e até endereços,
Achando que ódio nos torna feliz.
Criamos bordões pra se justificar,
E vamos findando com nosso futuro,
Rasgando a terra e sujando o mar,
Criando a seita do deus obscuro.
Queremos dizer que já está escrito,
Como se Deus fosse letra e caneta,
Mas não compreendemos a fé e o rito,
Nem mesmo a sina de ser um cometa.
Todos nós vivemos com imediatismo,
Sem ter paciência ou até esperança,
Pois nada sacia ou traz conformismo,
E o que plantamos é a desconfiança.
Não irás colher do que não plantamos,
E ao sobreviver talvez deseje a morte,
Pois aquela tâmara ou os cântaros,
São o passado de quem teve sorte.