Cidade-Espelho
A janela aberta é o espelho da cidade
Quem eu vejo me vê
Me vendo, sinto saudade
A janela fechada é esconderijo
Já não te vendo, sinto liberdade
Lá fora, buzina, barulho, esboço
Aqui dentro, aflora
A tinta, o desenho, o espaço
Refaço em garrancho a cidade-espelho
Em papel borrado de café
Para desfazer todo esse embaraço
O movimento do punho finda no abraço
De pétala em pétala
Fico à flor da pele
Testemunhando a toada
Desta cidade-eu.