QUAL A DATA?

QUAL A DATA?

 

Crescemos com o sete de setembro,

Pois disseram que somos libertos,

Mas a verdade tem outro evento,

Pois só dois de julho foi certo.

 

Dom Pedro estava numa província,

Viajando com uma tropa de mulas,

Quando recebeu a breve notícia,

E Dom João não queria firulas.

 

Era tudo pressão dos poderosos,

Que não abrem mão de benesses,

Pois ainda somos os revoltosos,

Sob a opressão que só cresce.

 

Já era longe o esquartejamento,

Onde houvera derrama em Minas,

E o quinto dos infernos adentro,

Empobrecia até nossa estima.

 

Mas não bastava tanta miséria,

Pois acharam um tal Deodoro,

Que, talvez, num dia de diarréia,

Dissesse ao povo: - Eu te devoro!

 

Só assim chegamos à ditadura,

Sob o disfarce de ser república,

Tornando nossa vida mais dura,

Governada por gente estúpida.

 

Até hoje o imperador é lembrado,

Sendo mais democrata que rei,

Pois fez do Brasil grande Estado,

E não impôs a maldade da lei.

 

Mas os nobres sempre destoam,

E só pensam como um grupelho,

Pois corrompem enquanto caçoam,

Como um bruxo mau e velho.

 

É assim desde as capitanias,

Porque tudo fedia na Europa,

Tinha a peste e loucas heresias,

Como fábulas, magas e rocas.

 

Qual a data que serei liberto,

Se as bragas estão me sangrando,

Ou é a morte que anda tão perto,

Pois se foi o que seja humano.