O DIÁLOGO

O DIÁLOGO

 

Nascemos sem ler ou mesmo falar,

E nos tornamos o que aprendemos,

Mas não sei a razão de chorar,

Senão, quando ocorrem extremos.

 

Se a nossa alegria for tamanha,

Com certeza iremos rir ou chorar,

Mas a dor que fere as entranhas,

Tem o choro para nos incomodar.

 

A linha que divide as partes,

É tênue demais e ninguém a vê,

E só sente quem já teve infartes,

Ou andou em terreno de massapê.

 

Tudo que existe tem uma razão,

E as partes são marcas do todo,

Pois até numa mata tem aluvião,

Mas nem sempre há um rio novo.

 

E os contrários querem diálogo,

Porque evocam o modo harmônico,

O qual tem de prólogo a epílogo,

E também pode ser algo lacônico.

 

Mas, às vezes, aceito monólogo,

Quando a platéia pede uma aula,

Onde um guia que seja tarólogo,

Vê o futuro que aguarda a alma.

 

A gente de hoje é tão impaciente,

E querem que tudo seja pra ontem,

Veneram o que jaz no inconsciente,

Mas espero que eles se encontrem.