EM UM TABULEIRO

EM UM TABULEIRO

 

Vir ao mundo numa madrugada,

E um rei a querer lhe matar,

É a história daquela jornada,

Onde eu vi um cometa passar.

 

Houve outros tempos parecidos,

Em sânscritos da vinda de Buda,

Mas também em versos não lidos,

Que relatam o que não se muda.

 

A história é contada em ciclos,

Quase sempre sinais replicados,

Como em um tabuleiro de bispos,

Onde só os peões são julgados.

 

O poder sempre quer ter a glória,

E crucifica quem lhes questiona,

Pois assim se garante a vitória,

De quem reina em Roma.

 

Nessas lapsos de vida e história,

Eu vivi seus eventos mais sérios,

Vendo o modo de vida simplória,

Ser banido até dos monastérios.

 

Desde o estertor da manufatura,

Onde a mais valia virou rotina,

Que o luxo nos cobra a fatura,

Com fartura de servos na mina.

 

E assim se renovam as derramas,

E o nobre se torna mais rico,

Mas os canibais levam a fama,

Da morte nos campos de trigo.

 

Cada preto se vê no Pelourinho,

Como o mouro sucumbe em Gaza,

Se o que jorra ali não é vinho,

Mas o sangue debaixo das casas.

 

Os sionistas se fazem de vítima,

Pois vivem do castigo passado,

E hoje são algozes tirando vidas,

Porque não assimilaram o ditado.

 

Quem com ferro fere, será ferido,

Pois devemos ofertar outra face,

E não creio em alguém escolhido,

Porque somos da mesma classe.

 

Se há Deus, não haverá o diabo,

Mas é certo que há gente do mal,

Pois o erro e acerto é um fardo,

E o assassino acha que é normal.

 

Mas qual motivo de matar inocente?

Qual divina razão para o egoísmo?

Se na morte ninguém leva presente,

Pois o dono é mistério e abismo.