TERRA DE MALANDRO

TERRA DE MALANDRO

 

No Brasil, malandro é profissão,

Onde os milicos criaram salário,

Só não digo o que reza a missão,

Porque a câmara quer o erário.

 

Onde um ogro já foi ditador,

Pompeu e Crasso quiseram o ouro,

Se não há mais César ou Censor,

Pois a milícia nos tira o couro.

 

São tantos esgotos sem latrina,

Que tudo fede, até no congresso,

E seriam nas vendas da esquina,

Ou gabinetes com café expresso.

 

Mas nem tudo requer comissão,

E por isso não quero emendas,

Nem discursos para televisão,

Me iludindo com suas comendas.

 

São os tais títulos de cidadão,

Ou as vontades de cada bancada,

Que reúnem bala com a religião,

Ou o agro que passa a manada.

 

Eu queria entender de florestas,

Mas eu vejo derrama é de madeira,

Sem falar do ouro e o que resta,

Que não vendem no meio da feira.

 

São lençois, como em um paraíso,

Ou nas termas de um mar cristalino,

Onde há parques temáticos e ricos,

Mas as fontes não tem pente fino.

 

Nessas cortes há vinho e lagosta,

Tudo nutrido de acompanhantes,

Pois o povo é que paga a aposta,

Onde o poder tem fiéis amantes.

 

Esse é o tema que o povo exclama,

Pois o nosso mundo é tão egoísta,

Se gera tudo que a fome reclama,

Mas o pobre não entra na lista.

 

Eles nos querem sem raciocínio,

Dizendo que são democratas,

Mas tudo é roubo ou só domínio,

Onde há súcia e o plutocrata.